Como usar as brincadeiras para o desenvolvimento das crianças

Amarelinha, pique-bandeira, cabra-cega, pião… Quem não se lembra, com saudade, das brincadeiras de infância? Algumas hoje parecem esquecidas, mas continuam divertidas - e sempre importantes para o desenvolvimento das crianças.

Psicólogos e educadores concordam ao dizer que brincar é uma prática essencial à infância, pois faz os pequenos vivenciarem valores, aprenderem a conviver com regras e a melhorar sua capacidade motora e intelectual. “A brincadeira é a primeira manifestação da criatividade e por isso é essencial para o desenvolvimento emocional das crianças”, diz a psicanalista Bianca Savietto. “No brincar, a criança transforma a experiência e se apropria dela”. A técnica em educação da Fundação Abrinq Amélia Bampi concorda, adicionando elementos. "A brincadeira favorece a autoestima das crianças e proporciona contato com situações em que valores, questões morais e éticas são evidenciadas e vivenciadas pelas crianças, o que favorece a construção de sua personalidade”.

Mariana Gornates, especialista em psicopedagogia, completa: "existem três características fundamentais na brincadeira/jogo: a imaginação, a imitação e a regra, que surgem a partir do desenvolvimento das funções psicológicas da criança. Assim, ao brincar, a criança imita situações reais, como cuidar de um bebê, dirigir um carro, interpretar papéis de adulto, mas não como uma reprodução mecânica daquilo que observam".



Brincadeiras e as faixas de idade da criança

Com tantos benefícios, é preciso estimular as brincadeiras entre as crianças. Segundo Amélia Bampi, não há apenas uma brincadeira apropriada, mas sim um conjunto de atividades mais adequadas a cada idade. “Em cada fase de desenvolvimento a criança apresenta comportamentos e formas de interações diferenciadas, que requerem cuidados e atenções específicas. Neste sentido, dependendo da faixa etária, algumas brincadeiras serão mais indicadas do que outras”, explica.

Para os pequenos de até três anos, por exemplo, recomenda-se jogos com encaixe de peças (grandes, para que não engasguem, pois nesta fase gostam de levar objetos à boca) e brincadeiras musicais. Sempre, claro, acompanhados por adultos.

Já um pouco maiores, na faixa de três a seis anos, a criança é mais independente e gosta de contato com a natureza. O uso de equipamentos, como bicicletas e bolas, atrai a atenção, mas requer cuidado para evitar acidentes. Também se recomenda brincadeiras interativas, que estimulem a imaginação e iniciem os pequenos na competição.

Quando passam dos sete anos, as brincadeiras preferidas passam a ser em grupos, incluindo uma iniciação ao esporte. Jogos de tabuleiro são uma variação bastante interessante, pois não requerem atividade física, mas estimulam o raciocínio e a concentração.



Para crianças com necessidades especiais, as brincadeiras são fundamentais

Para algumas crianças, como aquelas com necessidades especiais, alguns cuidados são requeridos. Segundo Gornates, "elas não conseguem reproduzir ações cotidianas e o brincar é nulo. Não sabem brincar em virtude da ausência de relações sociais, então, é necessária a estimulação da interação social e comunicação". Portanto, a criança pode ser resistente a brincadeiras que pedem a representação de papéis ou situações sociais, pois lhe falta conhecer essa realidade externa do cotidiano.

Nesses casos, é de extrema importância "identificar em que estágio de desenvolvimento a criança está, e para isso iniciar com as brincadeiras livres para observar as reações da criança com o meio", lembra Mariana. É comum observar interesses peculiares e restritos, como abrir e fechar potes ou brincar com tampinhas por exemplo.

Em alguns casos, a intervenção de um adulto é fundamental. Os adultos e responsáveis por crianças com necessidades especiais, como autismo por exemplo, são fundamentais enquanto mediadores da interação da criança com outras crianças e com brincadeiras. Seu papel é de "favorecer que a situação de brincadeira se constitua para a criança como um espaço de elaboração e entendimento do real, criando condições para avanços significativos no desenvolvimento dessa criança, possibilitando a expansão dos domínios social e afetivo-emocional", finaliza Mariana.

Dicas e ideias de brincadeiras

As melhores brincadeiras certamente nunca saíram da memória, mas nunca é demais reforçar e aprender. Você também pode criar seus próprios jogos e brincadeiras, mas, se quiser uma ajuda, alguns sites explicam como:

  • Mapa do Brincar, criado pelo jornal Folha de S. Paulo.

  • <a href="http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/101-maneiras-se-divertir-filhos-692974.shtml?utm_source=redesabril_educar&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_educar">101 maneiras de brincar: uma lista feita pela revista Educar Para Crescer.

E aí, vamos brincar?