Vizinhança conectada: como a tecnologia pode mudar (pra melhor) sua comunidade?
Nas grandes cidades, a máxima pode ser aplicada com frequência quando falamos da relação entre vizinhos. Pouco nos vemos, menos ainda nos falamos. A tecnologia, porém, pode dar um empurrãozinho na relação com os nossos vizinhos e com o local onde vivemos.
Lançado no fim de 2014, a plataforma Tem Açúcar busca reativar práticas comuns tempos atrás, como pedir ao vizinho aquela xícara de açúcar que faltou pro bolo. A ideia é simples: após cadastro no site, informando nome e endereço, a página coloca pessoas próximas em contato. Em seguida, o usuário pode oferecer ou pedir algo a quem está próximo. Pode ser uma furadeira para montar uma estante, um martelo para pregar o quadro ou mesmo uma singela xícara de sal. As condições do empréstimo são negociadas caso a caso e, após a transação, as pessoas podem dão notas entre si.
A criadora da página, Camila Carvalho, decidiu levar a iniciativa adiante inspirada em sites estrangeiros como Peerby, Neighbourgoods e Street Bank, que fomentam a interatividade entre pessoas do mesmo bairro. “Vi que aqui no Brasil também queremos nos conectar e interagir, sendo sustentáveis”, afirma. “Podemos conhecer gente com afinidades semelhantes e com elas produzir algo que melhore nosso entorno”.
O Free Your Stuff, criado na Alemanha, vai na mesma linha. Em português, o nome da página seria “Libere suas Coisas”. O objetivo é estimular doações de bens desnecessários - vendas são proibidas. “O movimento não é de doação por caridade (que também acho bastante válida), mas de promover a redução e a reutilização de itens do dia a dia, de forma prática”, diz Fernanda Magniccaro, criadora da comunidade paulistana, que reúne cerca de 2500 pessoas.
Microrevoluções urbanas
Há também sites e aplicativos para que as pessoas ajudem a melhorar sua comunidade - se necessário, pressionando o poder público. Um deles, o recifense Colab, foi eleito o melhor app de 2013 no concurso mundial Appmycity. A ideia é simples: ao ver um problema na rua, como um muro pixado ou uma lixeira quebrada, o usuário tira foto, marca o local e pede solução. Tudo pelo celular. A resposta pode vir da prefeitura (no Brasil, 30 já se conectaram ao aplicativo) ou de cidadãos que se reúnem para botar a mão na massa.
"Seguimos uma linha global de aplicativos - conectar pessoas com interesses comuns e dá-las uma satisfação e uma recompensa social, um status mais cidadão", afirma Gustavo Maia, um dos criadores do app.
O See, Click, Fix (Veja, Clique, Conserte) tem proposta semelhante. Criado em 2007 como uma página, hoje é um aplicativo disponível em 80 cidades dos EUA. No Brasil, Botucatu, em São Paulo, foi a primeira a integrar a rede, em maio de 2014, com o nome InovarCidade. Seu funcionamento também é baseado na troca de informações entre indivíduos e na interação com o poder público. “É muito importante ter a população participando, envolvida com as causas da cidade, trabalhando ao nosso lado, cobrando soluções. Todo processo de comunicação é positivo, e a agilidade que a tecnologia nos proporciona ajuda muito na resolução dos problemas”, afirmou o secretário municipal de Descentralização e Participação Comunitária, Paulo Sérgio Alves, no lançamento da iniciativa.
E você, o que faz para melhorar sua relação com os vizinhos e com sua comunidade?