Criança segura: quem ama, cuida




Em 2012, das 140.824 internações de crianças em hospitais do SUS em todo o país, 47,5% foram motivadas por acidentes como quedas, afogamentos, sufocamentos, queimaduras e intoxicações1. Ajudar a mudar esse quadro é o principal objetivo da organização Criança Segura, que atua conscientizando a população sobre como evitar esses episódios. A meta da ONG é reduzir em 25% o número de mortes por acidentes entre crianças e adolescentes de 0 à 14 anos até 2015. E aí, você está pronto para contribuir para essa mudança?

No Brasil desde 2001, a Criança Segura faz parte de uma rede internacional, a SAFE KIDS Worldwide, que integra 22 países espalhados pelos 5 continentes. A estratégia da ONG é mobilizar a população através de programas educativos sobre a prevenção de acidentes, promovendo cursos – mesmo à distância – e palestras em várias regiões do país. Além disso, a organização atua monitorando e articulando políticas públicas que possam garantir os direitos de crianças e adolescentes.


Fernando Francisco, assessor de imprensa da organização, explica que a principal dica para os responsáveis é que supervisionem sempre a criança, pois ela não tem discernimento para identificar os riscos. “Os acidentes, ou lesões não-intencionais, representam a principal causa de morte de crianças no Brasil”, alerta. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, 595 crianças com até 10 anos de idade morreram vítimas de acidentes domésticos no país em 2010. Os acidentes relacionados à respiração – como sufocamentos – foram a principal causa de mortes, seguidos dos afogamentos e da exposição à fumaça, ao fogo e às chamas. Estes dados mostram queda de 31% em comparação com o ano de 2000, quando foram registradas 868 mortes.

A fase em que as crianças se machucam mais é quando começam a engatinhar ou andar, já que aprendem a se movimentar sozinhas. Elas não percebem quando estão em perigo, e aí entra a prevenção dos pais e responsáveis. Medidas simples como instalar telas e proteger tomadas já podem ser eficazes. 

Enfrentando o problema

Desde 2001, o país conta com uma Política Nacional de Redução da Mortalidade por Acidentes e Violências. Cerca de 800 municípios integram a Rede Nacional de Prevenção da Violência e de Promoção da Saúde, desenvolvendo ações de prevenção e atenção às crianças e adolescentes. Além disso, o Ministério da Saúde estruturou o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), que registra informações sobre estes episódios para subsidiar ações de enfrentamento. 

Fernando garante que ONGs e grupos locais também podem ser mobilizadores da causa, disseminando informações sobre a prevenção de acidentes nas comunidades e cidades que atuam. Além da Biblioteca disponível no site da Criança Segura, com materiais educativos, vídeos e pesquisas, diversos cursos gratuitos são organizados pela ONG durante o ano. Quem estiver interessado, pode acompanhar as datas aqui.


Quer saber mais sobre como prevenir os acidentes? Veja as dicas:

Afogamento

  1. Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e guarde-os sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças.

  2. Conserve a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrada e mantenha a porta do banheiro sempre fechada.

  3.  Boias nem sempre são seguras. O ideal é que a criança use sempre colete salva-vidas quando estiver em embarcações, próxima a rios, represas, mares, lagos e piscinas, e quando estiver praticando esportes aquáticos.

Queimadura

  1. Mantenha a criança longe da cozinha e do fogão, principalmente durante o preparo das refeições.

  2. Cozinhe nas bocas de trás do fogão e sempre com os cabos das panelas virados para trás, para evitar que as crianças entornem os conteúdos sobre elas.

  3. As tomadas devem estar protegidas por tampas apropriadas, esparadrapo, fita isolante ou mesmo cobertas por móveis.

  4. Não deixe fósforos, isqueiros e outras fontes de energia ao alcance das crianças, a mesma coisa vale para o álcool.

Quedas

  1. As crianças devem brincar em locais seguros. Escadas, sacadas e lajes não são lugares para brincar.

  2. Crianças com menos de 6 anos não devem dormir em beliches. Se não tiver escolha, coloque grades de proteção nas laterais.

  3. O uso de andadores não é aconselhado pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Além de comprometerem o desenvolvimento saudável da criança, podem causar sérias quedas.

Carro

  1. A melhor proteção para a criança no carro é o uso de cadeiras e assentos de segurança. O cinto de segurança é projetado para adultos com no mínimo 1,45m de altura e por isso não protege os pequenos dos traumas de um acidente.

  2. Muitas colisões acontecem próximo à área de destino e origem ou em ruas com baixos limites de velocidade. Por isso é importante usar a cadeira sempre, mesmo em pequenas distâncias.

  3. Esteja atento ao selo de certificação de Padrões de Segurança Brasileiro (selo do Inmetro), Europeu ou Americano.

Fonte: Site da Organização Criança Segura.

1 Fonte: DataSUS – Internações de crianças do 0 a 14 anos motivadas por quedas; afogamento e submersão acidentais; outros riscos acidentais à respiração; exposição à fumaça, ao fogo e às chamas; contato com fonte de calor e substâncias quentes; envenenamento/intoxicação acidentais e exposição a substâncias nocivas.