Retrospectiva 2014: fatos que marcaram o ano

Copa do Mundo e eleições. Estes dois eventos bastariam para dizer que 2014 foi para lá de agitado, com episódios que custarão a sair da cabeça. Há, porém, outros fatos que merecem ser recordados. Da seca que assola ao país a aprovação do PNE, passando pela divulgação do relatório final da Comissão da Verdade, que investigou casos de tortura ocorridos durante a ditadura militar, há muito o que lembrar em diversas áreas.

Educação

Nesta área, o grande destaque foi a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), em junho, após quase quatro anos tramitando no Congresso. O PNE reúne 20 metas que o Brasil deve atingir na Educação em uma década. Entre elas, investir ao menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação até 2023, universalizar os ensinos Médio e Fundamental e oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas.

O plano tem metas objetivas, mas ainda precisa ser regulamentado”, diz Ricardo Fazetta, gerente de Conteúdo do movimento Todos Pela Educação (TPE). “Se houver vontade política, as metas são sim factíveis, mas é preciso mobilização para cobrar fontes de recursos e políticas públicas”.

Meio ambiente: seca, calor e desmatamento

No setor ambiental, o destaque foi a seca que assola o Brasil há meses, principalmente São Paulo. Consequência do aquecimento global, de eventos climáticos extraordinários e do desmatamento, a falta de chuva fez com que os reservatórios de água do Sudeste, região mais populosa do país, e ainda mais, em São Paulo, ficassem em níveis historicamente baixos. Para piorar, mundialmente, 2014 foi o ano mais quente desde que começaram as medições.

Para ambientalistas, é necessário implementar uma série de medidas de curto e médio prazo para reverter a situação. O principal, porém, continua sendo manter árvores em pé. “A conservação das nascentes e das matas ciliares é primordial, porque a região metropolitana de São Paulo perdeu mais de 70% da sua cobertura florestal nas últimas décadas”, diz o coordenador do programa Água para a Vida da ONG WWF, Glauco Kimura de Freitas. “As florestas servem como esponjas armazenando água no solo e retroalimentando os aquíferos, que por sua vez abastecem as nascentes e os reservatórios”.

E por falar em florestas, outro destaque foi a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 20), realizada em dezembro em Lima, Peru. Pela primeira vez, os países concordaram em diminuir suas emissões de gases poluentes, que causam o aquecimento global. Uma das formas de gerar gás carbônico e outros gases é queimando matas, principal contribuição do Brasil para a elevação da temperatura. Se chegaram ao consenso de que é necessário diminuir os gases, o como e o quando ainda não foi decidido, o que gerou críticas.

Foram duas semanas de debates intermináveis sobre parágrafos, vírgulas e qual a melhor palavra para constar em determinado texto. Uma disputa para ver quem tem menos culpa e quem deve pagar mais. Enquanto isso mais de 1 milhão de pessoas foram evacuadas de suas casas nas Filipinas por conta de um tufão, mostrando a urgência de um acordo ambicioso”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.

Direitos Humanos

Nesta seara, o principal ponto foi a publicação do <a href="http://www.cnv.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=571">Relatório da Comissão Nacional da Verdade. Resultado de 31 meses de trabalho de uma comissão coordenada por advogados, psicólogos e cientistas políticos, o documento aponta as circunstâncias e a autoria de violações aos direitos humanos praticadas de 1946 a 1988 (intervalo entre as duas últimas constituições democráticas).

Apesar de todos os entraves impostos à CNV, a começar pela falta de cooperação das Forças Armadas, não podemos diminuir o valor histórico, político e simbólico desse relatório, especialmente por trazer à luz os desafios que a democracia herdou do regime ditatorial – entre eles, a persistência da tortura e da violência policial”, afirma Rafael Custódio, coordenador do Programa de Justiça da ONG Conectas.

Saúde

O que mais chamou a atenção este ano na área de saúde foi um problema que felizmente não atingiu o Brasil - o vírus ebola. A infecção, cuja taxa de mortalidade pode chegar a 90%, dependendo da cepa contaminante, atinge principalmente a África Ocidental desde março de 2014 e já matou cinco mil pessoas, segundo organizações humanitárias. Para uma delas, a Médicos Sem Fronteiras (MSF), o vírus se espalhou a ponto de se tornar uma epidemia em alguns países africanos e os países pouco têm feito para lidar com o problema.

Como é possível que a comunidade internacional tenha deixado a resposta ao ebola, que já é uma ameaça transnacional, nas mãos de médicos, enfermeiros e assistentes sociais?”, indaga a presidente internacional dos MSF, Joanne Liu, em comunicado.

Para a ONG, faltam recursos e políticas de prevenção e rastreamento para controlar a epidemia.

E você, o que se lembra de 2014? Deixe seu comentário abaixo.