Dia Nacional da Adoção
Em 25 de maio celebra-se o Dia Nacional da Adoção, data que serve para reforçar um problema que vive o país. O Brasil hoje possui uma grande disparidade entre crianças que podem ser adotadas e famílias em potencial. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção, administrado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o país tem quase cinco mil crianças esperando um lar e 27 mil interessados em lhes dar uma família. A matemática parece simples, mas o processo de adoção é complicado, o que faz crianças e futuros parentes sofrerem. Atenta a este problema, a ONG Aconchego tem desenvolvido iniciativas para facilitar o processo em todas as suas esferas ao trabalhar com crianças, futuros pais e profissionais de Justiça.
“Nosso prinicipal objetivo é disseminar práticas que contribuam para o sucesso da adoção legal e para o apadrinhamento afetivo de crianças e adolescentes com baixas ou nulas chances de retorno ao convívio familiar”, diz Soraya Pereira, presidente da Aconchego. “Os números do CNJ são altos e refletem a ausência de manejo social com a questão”. Entre os entraves para adoção, estão o perfil desejado pelos potenciais pais, que nem sempre bate com a realidade das crianças, e a falta de profissionais capacitados para acompanhar o processo.
Entre os projetos desenvolvidos pela organização, está o “Novos Vínculos Afetivos para Crianças e Adolescentes”. Ele capacita, com apoio da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, 200 profissionais, de dez estados, envolvidos no processo de adoção, entre técnicos de Varas de Infância e Juvenude, educadores, conselheiros tutelares e membros de ONGs.
De acordo com a Aconchego, o trabalho de acolhimento da criança no Brasil atualmente é frágil, pois demanda muito investimento emocional tanto por parte do adotado quanto dos adotantes, além de apoio do Judiciário e ONGs. A realidade de um novo lar, uma nova pessoa na casa e o afeto necessários no processo são muito pesados para ambos os lados. “Todos precisam de apoio e enxergar que o esforço também deve partir de si, não só do outro lado”, diz Soraya.
A metodologia da ONG envolve conversas com os futuros pais, com as crianças, períodos de convivência e dramatizações de situações comuns para todas as partes envolvidas. Uma das metas do processo é tornar as crianças uma parte ativa do processo de adoção e não somente um reflexo dos desejos dos pais.
Apadrinhamento
Além da adoção, a Aconchego estimula o apadrinhamento afetivo. A prática consiste em que uma pessoa se torne “padrinho” ou “madrinha” de uma criança que se encontra em serviços de acolhimento ou em comunidades e tem poucas chances de ser adotada, seja por sua situação familiar, seja por sua idade.
O apadrinhamento, no entanto, vai além da questão financeira. A ONG prepara os candidatos a padrinhos para serem referências por toda a vida, a fim de que as crianças não passem novamente por uma situação de abandono. “Incentivamos os padrinhos a serem um contato e um modelo para toda a vida, alguém em quem a criança e o jovem possam se espelhar e se aconselhar para que tenham uma vida de sucesso”, completa Soraya. “Afinal, como diz o Estatuto da Criança e do Adolescente, todos têm direito a uma família”.